On quarta-feira, 8 de setembro de 2010 0 comentários

Programa é transmitido diariamente no horário de maior audiência.
Emissora é acusada de colocar em risco a segurança física dos cidadãos.

Clérigos e telespectadores estão em pé de guerra no Marrocos contra um programa com câmera escondida que utiliza como gancho uma corrida de táxi e em um episódio chegou a fazer a vítima acreditar que estava sendo alvo de sequestro e extorsão.
Programa é transmitido diariamente no horário de maior audiência. (Foto: Reprodução)
 Nas brincadeiras mais extremas do "Táxi 36" as portas do veículo são bloqueadas. Os produtores, no entanto, garantem que a medida não tem o objetivo de "reter as pessoas contra a vontade", mas evitar que, no auge do pânico, "os passageiros saiam precipitadamente e possam ser atropelados por outro carro".
O programa, transmitido diariamente no horário de maior audiência durante o mês do Ramadã, inclui situações menos agressivas como o suposto roubo de malas e a surpresa de entrar no carro e o mesmo estar cheio de cachorros na parte traseira.
Mas a brincadeira está despertando críticas. A associação que defende os direitos dos telespectadores no Marrocos denunciou nesta semana à rede pública marroquina "2M" ao Tribunal Administrativo de Rabat pedindo a suspensão do programa, alegando que "atenta contra a dignidade dos cidadãos e contra as liberdades individuais garantidas pela lei".
Em comunicado em que explicam a discordância, acusa aos produtores de colocarem em risco a segurança física dos cidadãos, "ao colocá-los em situações dramáticas que não são engraçadas".
Contra eles se pronunciou também um ulemá (clérigo) que classificou os programas com câmera escondida de "um dos pecados mais graves e repugnantes" existentes e tacha o conteúdo de "haram", ou seja, proibido pela lei islâmica.
Em uma fatwa (decreto religioso) publicada em seu site, o religioso, membro do Comitê de Fátuas do Conselho de Ulemás da localidade de El Jadida, afirma que "se baseiam no engano e na fraude, razão suficiente para proibi-los, embora sua finalidade seja a de fazer piada".
O ulemá, para quem os integrantes desse programa incorrem no pecado, lamenta o desperdício de dinheiro que representa o espaço, e o tempo perdido com essas enganações, pois "o tempo tem valor no islã e sua perda é uma perda dos valores da religião".
Um dos atores e apresentador do programa, Rachid Lamrini, reconheceu ao semanário "Le Temps" que apesar da reação áspera de algumas pessoas e em alguns casos ter sido necessário chamar a Polícia para acalmar os ânimos, as imagens emitidas contam sempre com o consentimento de seus protagonistas.
Para fugir das críticas, o ator defende que o objetivo do "Táxi 36" é "sensibilizar as pessoas sobre os perigos da vida cotidiana, especialmente com relação ao sequestro".
A pretensa bondade de suas intenções, que segundo "Le Temps" se materializa "em um périplo de incerteza que leva ao horror absoluto", não é suficiente, no entanto, para aplacar a voz alarmante surgida a partir dos que condenam o programa.
Mas enquanto avança a denúncia apresentada nos tribunais, não é possível impedir a continuidade das transmissões que despertam risos nos telespectadores, seja porque realmente consideram os episódios engraçados ou de estupefação, diante das súplicas ao motorista, à beira do pranto dos passageiros pedindo: "deixe-me descer!".

Fonte: G1


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